A perna da alma penada

A perna da alma penada

Contam os mais antigos da aldeia de Fornelos, Santa Marta de Penaguião, que uma mulher, tendo saído de casa, altas horas da noite, à procura de lume para acender a lareira, encontrou uma estranha e silenciosa procissão de velas à volta do adro da igreja. Como precisava de lume, foi pedi-lo a um dos que a incorporavam, o qual lhe colocou nas mãos a sua vela acesa.
 A mulher foi para casa, acendeu o lume e, depois de apagar a vela, guardou-a numa caixa debaixo do escano. No dia seguinte, ao abrir a caixa, o que lá encontrou não foi a vela, mas sim uma perna. Nada mais nada menos que a perna de uma pessoa. Muito aflita, foi ter com o padre e contou-lhe o sucedido. O padre, depois de muito meditar, disse-lhe:
 — Vai para casa e guarda essa perna contigo. Dentro de uma semana, esperas pela noite e vais à mesma hora ao adro da igreja entregá-la àquele que vires a coxear na procissão.
 A mulher assim fez. O vulto que coxeava recebeu a perna, em silêncio, e colocou-a no seu lugar. Depois, já sem coxear, voltou para a procissão e desapareceu.
 Diz o povo que nessa procissão andavam as almas penadas da aldeia a cumprir a sua passagem pelo Purgatório.

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